Dudu Rodrigues Artista Plástico
Cada artista tem a fascinação por um tema ou por uma idéia. Freqüentemente os artistas se repetem até a exaustão, explorando um conceito que tentam transmitir para o observador. Isso insistentemente, porque vivenciam o firme propósito de colocar nitidamente uma idéia ou porque não conseguem fugir de uma emoção dominante. Ou simplesmente estão dominados pelo prazer de explorar o tema e deleitam-se com a experiência até que mude a fase e então passam a viver um outro universo. Dudu Rodrigues está vivendo agora a fase das gordinhas e gordinhos. Isso promete demorar.
Muito comumente as pessoas, homens e mulheres, lutam para perder peso e quase ninguém deseja ser tratado por gordinho ou gordinha mas o fascínio de Dudu Rodrigues está exatamente na beleza peculiar das curvas e gestos daquelas pessoas de peso avantajado.
Ele encontra nessas pessoas uma gestualidade fascinante e um atrativo especial nas formas. Não é o único. Muitas pessoas percebem exatamente assim. Paulo Costa, escultor com todos os predicados, tem uma série que ainda não terminou, dedicada exclusivamente a gordinhos e gordinhas, que ele coloca de tal forma que a frieza da pedra cede lugar a uma viva presença. As esculturas de Paulo são poderosas no sentido de que transmitem vida e emoção. Dudu Rodrigues também caminha por essas paragens.
Dudu Rodrigues procura o charme de cada personagem no seu gestual. “Quando eu faço uma gordinha procuro colocar a beleza que existe nela com o seu cuidado em se vestir, tudo combinando, e não a deixando como uma simples gordinha. Ela é alegre com suas linhas bem definidas, curvas bem colocadas, para mostrar que os gordinhos têm muito charme, muita graça e muita beleza.” Isso deve ser realmente bem instintivo porque ele mesmo não pode ser considerado um gordinho. Então essa idéia vem do seu livre sentir e não precisa de muitas explicações. Dudu Rodrigues simplesmente sente assim e isso é o bastante.
As pinturas são sempre de um colorido alegre e esfuziante, sugerindo ligeiramente uma mistura do pop com Romero Britto, se é que isso faz algum sentido. Como em arte tudo faz sentido e não tem nenhuma importância que faça sentido ou não, fica dito assim, já que isso também é uma emoção, é uma maneira como percebemos, independentemente do que tenha sido dito. Arte é assim mesmo. O artista fala o que quer, o observador interpreta como desejar e ambos estão com a razão. As gordinhas e gordinhos de Dudu Rodrigues são imagens carregadas de simpatia e mostram uma beleza especial e uma forma diferente de sensualidade. Paulo Costa já me comentou um dia que aprecia as gordinhas. Dudu Rodrigues não me disse nada mas certamente há um time muito grande de apreciadores. Ainda bem.
O que seria do verde se todos gostassem do amarelo?
Cenas do cotidiano na visão do artista - interpretação
Dudu Rodrigues tem uns sorrisos abertos, típicos das pessoas que valorizam a comunicação e o contato com os outros. Acho que ele fala através de sua arte mas fala também diretamente com as palavras e busca o contato humano. O ser humano é o seu tema básico mas procura a emoção através da postura do corpo e não da expressão da face. Por isso não delineia olhos e bocas em seus personagens. Destituídos de rosto através do qual possa transmitir um sentimento específico, dor, medo, raiva, resta falar com o corpo. Em um quadro onde contracenam muitas magricelas e uma única gordinha, Dudu Rodrigues nos mostra como o corpo fala e como pode ser eloqüente. “Sempre estou em busca que as pessoas olhem para o meu trabalho de uma forma alegre e que eles possam trazer felicidade.” Aqui em CyberArtes ficamos achando que Dudu Rodrigues é muito bem sucedido nessa empreitada.
Uma mistura de gordos e magros - destaque
Vale a pena citar aqui uma pequena história, aparentemente sem muita importância mas importantíssima de fato. No seu primeiro emprego descobriram que ele gostava de pintar e desenhar. Por iniciativa da diretoria da empresa ele foi incentivado a estudar arte e permitiram que fizesse cursos especializados ou correlatos com as atividades artísticas. Interpretamos como sendo uma atitude padrão na empresa a valorização dos potenciais de cada funcionário, permitindo e incentivando o seu desenvolvimento. Isso aconteceu no Banco BCN, em São Paulo, e se vale de alguma coisa, fica aqui os nossos parabéns. Isso não vale só para arte mas para esportes, matemática, biologia ou quaisquer outras habilidades.
Dudu Rodrigues está morando meio isolado, no meio da Mata Atlântica e vez por outra sente o peso da solidão. Ele sente falta das pessoas amadas, filhos e outros familiares, mas vai tocando as coisas. Todo artista convive um pouco com o isolamento do seu mundo porque o mundo do artista é freqüentemente impenetrável e incompreensível. Por que aquela paisagem tão insistentemente repetida, ou por que aquele azul sempre presente ou aquele rabisco quase constante? Por que aquela gordinha? Freqüentemente o artista nem percebe essas coisas e quando percebe não sabe como explicá-las. E nem se interessa em explicá-las. Simplesmente as coisas são assim. As pessoas que escrevem sobre arte, abestalhadamente, tentam interpretar tudo e a tudo dar um significado. Uma vez escrevemos sobre um artista que depois nos disse: “eu concordo com você mas nunca havia pensado nisso.” No mínimo, curioso.
Dudu Rodrigues – Artista Plástico
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